segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Sob a chuva neon.


Sob a Chuva de Neon

A chuva caía suave, como um véu translúcido que envolvia a cidade em um manto de melancolia. As ruas estreitas, moldadas pelo concreto e aço, refletiam as luzes vibrantes dos letreiros em neon, pintando o chão molhado com cores que se misturavam, formando um mosaico de luz e sombra.

Nas ruelas apertadas do mercado, a vida pulsava em silêncio. Figuras solitárias, envoltas em longos casacos, caminhavam sob o brilho úmido das lanternas, seus rostos ocultos sob chapéus e guarda-chuvas, como sombras vagando em um mundo entre o sonho e a vigília. O murmúrio constante dos vendedores era uma canção triste, ecoando pela cidade adormecida, misturando-se ao som das gotas de chuva que batiam nos telhados e escorriam pelos fios suspensos.

Cada passo dado era um reflexo de solidão, uma busca incessante por algo intangível, escondido nas profundezas da cidade que nunca dormia. As lojas, com suas vitrines iluminadas, ofereciam relances de um calor distante, mas permaneciam inatingíveis, como se estivessem protegidas por uma barreira invisível que separava o desejo da realidade.

Acima, os edifícios se erguiam como gigantes silenciosos, guardiões de segredos antigos. Suas janelas brilhavam com uma luz fria, observando impassíveis o movimento abaixo. E, apesar da presença constante da chuva, o ar parecia carregado de uma eletricidade sutil, como se algo estivesse prestes a acontecer, algo que poderia mudar o curso de todas aquelas vidas anônimas.

O tempo parecia fluir de maneira diferente naquele lugar. Minutos se alongavam em horas, e cada instante era carregado de uma intensidade silenciosa. Era um mundo onde a chuva não apenas lavava as ruas, mas também as almas, carregando consigo os resquícios de sonhos esquecidos, esperanças perdidas e memórias que se dissolviam no nevoeiro da noite.

E ali, no coração daquela metrópole fria e chuvosa, a poesia do cotidiano se desenrolava, em cada olhar fugaz, em cada encontro acidental, em cada suspiro abafado. A cidade vivia, respirava, e em seu resplendor melancólico, contava histórias que apenas a chuva era capaz de ouvir e entender.

domingo, 11 de agosto de 2024

Os Tons do Amor, Pt. X: A Eternidade do Sentir

 

A Eternidade do Sentir

Eles envelheceram juntos, de mãos dadas
Os corpos já não tinham a mesma força
Mas seus corações pulsavam em uníssono
Como no primeiro olhar, como no primeiro encontro

O amor que viveram não foi perfeito
Mas foi real, foi verdadeiro
E no fim, perceberam que a eternidade
Não está no tempo, mas no sentir

Eles se despediram com um sorriso
Pois sabiam que o amor não morre
Apenas se transforma em memória
Que vive para sempre, na eternidade do sentir

Assim, encerraram sua jornada
Com a certeza de que o amor
É o maior dos legados
E que, no fim, é o que realmente importa.

Os Tons do Amor, Pt. IX: Os Espinhos do Amor





 




Os Espinhos do Amor

Nem tudo foram flores em seu jardim
Houve também espinhos que machucaram
Pequenos gestos, palavras ditas no calor
Que deixaram marcas, que doeram

Eles enfrentaram as tempestades juntos
Suportaram as dores, as mágoas
E descobriram que o amor não é só alegria
Mas também cicatrizes que o tempo apaga

Cada espinho foi um aprendizado
Cada dor, uma lição de humildade
E entenderam que o amor verdadeiro
Não é a ausência de dor, mas a superação da adversidade

Assim, cultivaram seu jardim com cuidado
Podaram os espinhos, mas não os esqueceram
Pois sabiam que, no final das contas
São os espinhos que fazem as rosas mais belas.

Os Tons do Amor, Pt. VIII: O Eco das Promessas


 O Eco das Promessas

Eles trocaram promessas sussurradas
No calor de noites estreladas
Juraram eternidade em cada palavra
Sem saber o peso que elas carregavam

As promessas ecoaram pelo tempo
Algumas cumpridas, outras deixadas ao vento
Mas em cada uma havia uma intenção
De amar, de cuidar, de ser a razão

Com o passar dos anos, compreenderam
Que as promessas não são correntes
Mas fios que tecem a trama do amor
E que podem ser redesenhadas livremente

Assim, renovaram seus votos
Não com palavras, mas com gestos
Pois sabiam que o amor verdadeiro
É aquele que cumpre promessas em silêncio.

Os Tons do Amor, Pt. VII: A Dança das Dúvidas



A Dança das Dúvidas

Em meio ao caminho que seguiram juntos
Houve momentos de incerteza e temor
As dúvidas surgiram como sombras
A espreitar o brilho do amor

Eles vacilaram, hesitaram, pararam
Questionaram o que sentiam, o que queriam
Mas no fundo de seus corações souberam
Que a dúvida era apenas parte do desafio

Eles dançaram com as incertezas
Com passos ora firmes, ora incertos
Mas sempre mantiveram as mãos unidas
Pois sabiam que o amor é feito de acertos e erros

No final, as dúvidas se dissiparam
Como neblina sob o sol da manhã
E perceberam que, apesar dos temores
O amor verdadeiro sempre encontra seu lugar.

Os Tons do Amor, Pt. VI: O Sabor do Tempo

 

O Sabor do Tempo

O tempo passou lentamente
Como o mel escorrendo dos lábios
Cada momento, uma doçura sutil
Que eles saborearam com cuidado

O amor envelheceu como um bom vinho
A cada ano, mais profundo e encorpado
Eles aprenderam a apreciar as notas
Que o tempo trazia, sem pressa ou fardo

Com cada ruga, uma nova história
Cada fio de cabelo grisalho, uma memória
E o que antes era fogo ardente
Transformou-se em um calor constante

Eles descobriram que o tempo, no amor
Não é um inimigo, mas um aliado
E que a verdadeira beleza reside
Na paciência de quem espera, lado a lado.

sábado, 10 de agosto de 2024

Os Tons do Amor, Pt. V: O Peso das Palavras

 

O Peso das Palavras

Eles descobriram que as palavras
Podem ser leves como plumas
Ou pesadas como rochas
E cada uma tem seu lugar e tempo

Algumas palavras eram sussurros
Que acalmavam as tempestades internas
Outras, declarações firmes
Que selavam promessas eternas

Eles aprenderam a escolher com cuidado
O que diziam e como diziam
Pois sabiam que o amor pode florescer
Ou murchar com uma única frase

No fim, perceberam que o silêncio
Às vezes é o melhor discurso
Pois o amor verdadeiro
Não precisa de palavras para ser sentido.

Os Tons do Amor, Pt. IV: Entrelaçados



Entrelaçados

Suas mãos se uniram em um gesto simples
Mas ali, naquele toque, havia uma promessa
De que, mesmo nas tempestades da vida
Eles permaneceriam entrelaçados

Cada dedo, uma história contada
Cada palma, uma jornada compartilhada
Eles seguiram juntos, lado a lado
Mesmo quando os caminhos eram tortuosos

O tempo tentou separá-los
Com suas marés de dúvidas e temores
Mas as mãos que se uniram um dia
Nunca deixaram de buscar uma à outra

E assim, na dança do viver
Eles se mantiveram firmes e fiéis
Pois sabiam que, no fim das contas
O amor verdadeiro é aquele que não se desfaz.


Os Tons do Amor, Pt. III: As Cores do Encontro


 As Cores do Encontro

Quando seus olhos se encontraram
O mundo ao redor mudou de cor
O cinza dos dias monótonos
Deu lugar a um arco-íris de emoções

Eles pintaram juntos um novo quadro
Com pinceladas de riso e esperança
E cada toque de cor era um lembrete
De que o amor é uma obra em constante mudança

O vermelho da paixão se misturou ao azul da paz
E o amarelo da alegria brilhou com intensidade
Em cada traço, uma nova descoberta
De que o amor não tem uma única verdade

Eles criaram uma tela infinita
Onde as cores nunca se apagavam
E mesmo nas sombras que surgiam
Encontravam tons que se entrelaçavam.

Os Tons do Amor, Pt. II: O Silêncio do Sentir

O Silêncio do Sentir 

Em meio ao tumulto do cotidiano
Eles aprenderam a se comunicar sem palavras
O silêncio entre eles não era vazio
Mas repleto de significados ocultos

Um olhar, um gesto, um toque sutil
E tudo o que era preciso estava dito
Não havia necessidade de explicações
Pois seus corações já sabiam o caminho

Eles encontraram conforto no silêncio
E a profundidade em momentos de quietude
Cada respiração compartilhada
Era um testemunho de sua plenitude

O amor floresceu em meio ao não-dito
Como uma flor que desabrocha à noite
E na escuridão, encontraram a luz
Que guiava seus passos com suavidade

Os Tons do Amor, Pt. I: Amor...


 Amor...


Não se sabe bem como aconteceu
Nem se foi por acaso ou por destino
Mas o fato é que eles se conheceram
Em uma noite sem graça e sem tino
Eles trocaram um olhar fugaz
E sentiram uma estranha emoção
Mas não ousaram se aproximar
Por medo ou por precaução
Eles tentaram se apagar da mente
E seguir seus rumos diversos
Mas o acaso os fez se encontrar
Em outros tantos versos
Eles trocaram algumas palavras
E descobriram afinidades
Mas resistiram a se envolver
Por orgulho ou por vaidade
Eles se afastaram com pesar
E padeceram em silêncio
Mas reconheceram que era amor
E não um mero devaneio
Eles se reencontraram com paixão
E se abraçaram com ternura
Mas não pronunciaram uma só palavra
Apenas se olharam com doçura
Eles se amaram com respeito
E se admiraram com simpatia
Mas não se inquietaram com o futuro
Apenas viveram o presente com harmonia...


segunda-feira, 5 de agosto de 2024



 Uma declaração mais clara que o sol.


Menina, não sabes o quanto te amo,
Não sabes o quanto sou apaixonado por ti,
Quanto te quero e te desejo intensamente.
Não sou Frejat, mas por ti dançaria tango no teto,
Não sou Cazuza, mas contigo queria ter a sorte de um amor tranquilo,
Não sou Nando Reis, mas para ti guardei o amor que nunca soube dar.
Não quero saber do amanhã ou do depois,
Não quero saber de "daqui um mês",
Tenho pressa de te amar, meu objetivo é o aqui e agora,
Não quero mais adiantar os dias, quero viver estes dias logo.
Vamos depressa, que a vida é passageira,
E eu, um estrangeiro sem norte.
Saíamos, aproveitemos esta vida tão breve,
Olhemos o pôr do sol, que nos lembra que estamos cada vez mais perto da morte.
Beijemo-nos até perder o ar,
Olhemo-nos com desejo intenso, com olhos cheios de amor.
Abraçemo-nos, riamos de problemas bobos,
Andemos de mãos dadas e vejamos quão bom isso é.
Criemos planos para daqui a dois anos,
E comecemos desde agora.
Diz-me se vamos viver isso,
Diz-me logo, pois tenho pressa,
Diz que preciso ficar, pois me amas e me queres,
Acaba com a minha insegurança,
Segura a minha mão e faz-me perder este medo.





 O Vazio 


Eu me sinto vazia,
vazia como as palavras que estão deixando as linhas de cada verso desse poema preenchidas,
preenchidas com solidão.
Solidão que me faz sentir como se estivesse caindo em um buraco.
E quando meu corpo toca o chão é como se eu não conseguisse respirar. 
Eu sou muito jovem para me sentir tão vazia. 
Então por favor alguém
me toque,
me faça sentir algo,
me mostre que eu não estou mais sozinha.

“Cartas que eu nunca enviei”

1. O peso do silêncio Há dias em que o corpo anda, mas a alma fica. Dias em que o riso vem automático, só pra cumprir o papel social de esta...