Joana era uma mulher de meia-idade que morava numa pequena
cidade à beira-mar. Sua vida era tranquila, quase monótona, dividida entre o
trabalho na biblioteca municipal e as tardes de chá com sua velha amiga, Dona Laura.
O mar, no entanto, sempre representou uma janela para algo maior, algo além da
vida simples que ela levava.
Um dia, enquanto passeava pela praia, Joana encontrou um
espelho peculiar semienterrado na areia. Era um objeto antigo, com uma moldura
de madeira entalhada em detalhes minuciosos que lembravam ondas e conchas.
Curiosa, Joana limpou o espelho e olhou seu próprio reflexo.
Para sua surpresa, o espelho não mostrava apenas a sua
imagem. Mostrava lugares distantes, paisagens exóticas e culturas diversas.
Joana viu florestas tropicais, desertos áridos, cidades futuristas e aldeias
antigas. Cada vez que olhava no espelho, uma nova visão de um mundo
desconhecido aparecia.
Intrigada, Joana começou a levar o espelho para a
biblioteca, usando suas pausas para explorar essas visões. Cada imagem
refletida trazia consigo sons, cheiros e até sensações táteis, como se ela
estivesse realmente visitando esses lugares. Joana começou a escrever sobre
suas experiências, descrevendo em detalhes as maravilhas que via.
Com o tempo, as histórias de Joana começaram a atrair a
atenção dos moradores da cidade. Eles vinham à biblioteca não apenas para ler,
mas para ouvir Joana contar sobre suas "viagens". O espelho tornou-se
um segredo compartilhado, uma janela para o mundo além do mar.
Um dia, enquanto Joana explorava mais uma visão, viu uma
versão dela mesma, mais jovem, sorrindo de um lugar que parecia ser um mercado
vibrante em uma terra distante. A jovem Joana acenou, convidando-a para
atravessar o espelho. Sem hesitar, Joana deu um passo à frente e sentiu-se
sendo puxada para dentro do vidro.
Quando abriu os olhos, Joana estava no meio do mercado. O
calor, os aromas, a energia do lugar a envolviam completamente. Ela percebeu
que o espelho não era apenas uma janela para ver o mundo, mas uma porta para
vivê-lo.
Joana decidiu não voltar. Deixou uma carta para Dona Laura,
explicando sua decisão e dizendo que o espelho agora pertencia à cidade. Pediu
para que continuassem a usá-lo, a explorar e a expandir suas próprias visões de
mundo.
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