Ferrugem...
Como posso te dar a mão de novo?
Se há ferrugem em nossos dedos?
Não há como negar
Que o tempo passou,
Que a vida andou.
Nada que foi dito naquele dia
Foi um ponto final,
Mas muito menos
Deveria ter sido uma reticências tão longa.
A vírgula imposta se estendeu
Num mutismo profundo
Que me fez acreditar
Que não teria volta.
A ferrugem foi me corroendo
Como se eu fosse de ferro.
Me abandonei a ideia.
Aceitei o destino.
Me convenci que era melhor assim.
Permaneci sentada na chuva,
Como estátua no pedestal,
Deixando a água afogar
Qualquer esperança que restasse.
Acreditei não haver mais
O que escrever nesta história.
Outras coisas aconteceram,
Outras narrativas me levaram ao desespero
E me arrancaram lágrimas demais.
Eu quis dizer algo e já não tinha língua.
E hoje sou só ferrugem.
