quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Ferrugem...


Como posso te dar a mão de novo?

Se há ferrugem em nossos dedos? 


Não há como negar

Que o tempo passou,

Que a vida andou.


Nada que foi dito naquele dia

Foi um ponto final,

Mas muito menos

Deveria ter sido uma reticências tão longa.


A vírgula imposta se estendeu

Num mutismo profundo

Que me fez acreditar

Que não teria volta.


A ferrugem foi me corroendo

Como se eu fosse de ferro.

Me abandonei a ideia.

Aceitei o destino.


Me convenci que era melhor assim. 


Permaneci sentada na chuva,

Como estátua no pedestal,

Deixando a água afogar

Qualquer esperança que restasse.


Acreditei não haver mais

O que escrever nesta história.


Outras coisas aconteceram,

Outras narrativas me levaram ao desespero

E me arrancaram lágrimas demais.


Eu quis dizer algo e já não tinha língua. 


E hoje sou só ferrugem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

“Cartas que eu nunca enviei”

1. O peso do silêncio Há dias em que o corpo anda, mas a alma fica. Dias em que o riso vem automático, só pra cumprir o papel social de esta...