CONVERSA....
— Coração: Que
silêncio…
— Mente: Um bom
momento para desabafar.
— Coração: Desabafar com quem?
Sou sozinho neste vasto e gélido mundo,
Onde os ecos da solidão são tudo o que ouço.
Sinto que não tenho mais amor ou carinho para dar,
Como se cada batida fosse um esforço desmedido.
É um fardo insuportável fingir um sorriso,
Enquanto cada pulsar me lembra da dor que carrego.
Minhas feridas abertas sangram sem trégua,
Cortadas pelas palavras malditas que ressoam na minha
memória.
Elas me paralisam cada vez que fecho os olhos,
Como se eu precisasse parar de bater só para conseguir
respirar.
Então, com quem vou desabafar?
— Mente: Com o
vazio, com a escuridão que te envolve.
Ela não julga, não responde, mas também não acolhe.
É um diálogo com o abismo que há dentro de ti.
— Coração: Mas o
vazio me consome,
E quanto mais falo, mais ele me engole.
Ele não preenche, não dá alívio...
Somente ecoa minhas dores e faz com que se
intensifiquem.
Eu quero ser ouvido, mas sem ser exposto,
Quero chorar, mas sem me despedaçar.
— Mente: Talvez
seja assim que o desabafo acontece —
Um suspiro profundo na escuridão,
Onde as palavras se perdem sem um destino.
Onde a dor se dissolve lentamente no silêncio.
— Coração: Mas o
silêncio não me responde.
Ele é indiferente à minha angústia,
E estou tão cansado de não encontrar respostas,
Tão exausto de lutar contra o nada.
— Mente: E quem
disse que o silêncio precisa te responder?
Talvez ele apenas exista,
Como o tempo, como a noite,
E é no existir que ele te envolve,
Como um véu que cobre as feridas,
Sem a pretensão de curá-las.
— Coração: E se
eu não aguentar mais a dor?
E se o silêncio apenas me afogar,
Deixando-me sem fôlego, sem saída?
— Mente: Então,
você aprenderá que o silêncio, por mais cruel,
É também um refúgio,
Um espaço onde até a dor pode descansar.
Talvez não te salve,
Mas te permite ser, sem precisar ser forte.
E nessa quietude, você encontrará um tipo de paz.
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