segunda-feira, 2 de junho de 2025

 Uma carta que nunca foi entregue...

Já me despedi de você tantas vezes…
Na cabeça, no travesseiro, nos silêncios que você finge não ouvir.
Mas você não me deixa ir. Não me deixa desaparecer.

Você me segura com meias-presenças, com migalhas de carinho, com esse jeito de me querer por perto, mas nunca por inteiro.
Você me quer ao seu lado, mas nunca diz isso com clareza.
Me quer como conforto, como companhia, como presença silenciosa que preenche o que te falta — mas eu nunca pedi pra ser isso. Nunca quis ser só isso.

E eu tô exausta.

Porque eu quero ir.
Quero deixar de ser essa pessoa que fica mesmo quando tudo nela grita pra sair.
Quero virar fumaça na tua vida que nunca me deu espaço pra existir de verdade.
Porque a verdade é essa: por mais que eu tenha tentado, a gente não encaixa.
E você sabe disso.
Mas insiste em me manter aqui, nessa ilusão morna, nesse quase amor que só machuca.

Eu já chorei tanto por você. Já me questionei, me culpei, me encolhi, me reescrevi.
Tudo pra tentar caber em algo que nunca foi feito pra mim.
E você?
Você ficou aí, quieto. Confuso.
Com medo de me perder, talvez, mas sem coragem de me escolher.
E eu cansei de ser opção.
De ser abrigo quando tudo desmorona, mas nunca casa quando o sol aparece.

Você não faz ideia da força que me custa ir embora toda vez… e voltar.
De fingir que não doeu, de tentar sorrir como se meu peito não estivesse implodindo.
Mas agora eu não quero mais voltar.
Eu quero ir. De verdade.

Quero me perder do que fui com você pra me reencontrar longe dessa dor disfarçada de afeto.
Quero deixar de ser silêncio na sua vida e passar a ser presença na minha.

Então, se algum dia você sentir minha falta…
Lembre que eu estive aqui.
Com tudo.
Com amor, com entrega, com esperança.

Mas você não soube ficar.

E eu?
Eu precisei partir pra sobreviver.

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