Encruzilhada
A gente nunca espera que a dor venha de onde veio o amor. Mas, às vezes, vem. Vem de onde a gente mais acreditou, de quem mais defendeu, de quem mais confiou.
Você mentiu. E talvez, pra você, tenham sido só palavras. Só atalhos. Só tentativas de manter as coisas sob controle. Mas do lado de cá, do meu lado, suas mentiras não foram pequenas. Foram cruéis. Elas me quebraram em lugares que eu nem sabia que podiam se partir. Me tiraram a paz, a fé e, por um tempo, até a mim mesma.
E olha… eu segurei o máximo que pude. Fiquei quando já não fazia sentido. Esperei você ser alguém melhor, mesmo quando tudo já gritava que você não queria mudar. E então eu fui indo embora aos poucos — por dentro, antes de sumir por fora.
Agora, talvez você ache que venceu. Que seguiu em frente. Que se livrou da culpa com desculpas ensaiadas. Mas um dia, e esse dia vai chegar, você vai olhar pro lado, talvez sem querer, e o vazio vai te responder. Vai perceber que a pior consequência de tudo isso não foi a dor que me causou, mas o fato de não me encontrar mais ali.
Porque, por mais que tenha doído, eu fui. Eu parti. E você ficou na encruzilhada, olhando o que perdeu, fingindo que não sente, tentando convencer o mundo — e a si mesmo — de que não te falta nada.
Mas falta. Eu sei que falta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário