sábado, 14 de junho de 2025

 Vá...

Não te peço desculpas,
nem voltas, nem recomeços falsos.
Te peço distância.
Agora—
como quem cansou de sangrar calada,
como quem ama demais, mas aprende a partir.

Precisei de você com urgência de vida,
com sede de abraço,
com a fome de quem esperou por dias
tua voz na cozinha,
e só encontrou eco.

Não fui eu quem partiu,
mas parto agora—
levo comigo meu orgulho intacto,
e digo: adeus,
não por raiva,
mas por amor a mim.

Vá.
Mesmo que queira ficar
pelo tempo de um café morno,
de um suspiro ensaiado,
de uma lágrima que teima em não cair.

Imagina a gente separado,
com histórias que viraram poeira,
e lembranças que só doem em silêncio.
Imagina—
e não tente me segurar.

Que culpa tenho eu,
se o amor às vezes cansa,
e a gente só entende
quando não quer mais tentar?

Vá.
Por um instante.
Ou por uma eternidade
disfarçada de alívio.

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