Fique
Não te peço promessas,
nem luas cheias, nem pactos eternos.
Te peço agora.
Agora—
como quem sangra e sussurra,
como quem ama depois da ruína.
Preciso de você com urgência de fogo,
com sede de ausência,
com a fome dos dias que mastiguei
sem tua voz na cozinha,
sem tua sombra na sala.
Não fui eu quem errou
mas erro agora—
ao dobrar meu orgulho como roupa velha
e dizer: me perdoa,
não pelo que fiz,
mas pelo que perdi.
Fique.
Nem que seja pelo tempo
de um café esfriando.
De uma respiração inteira.
Do coração tropeçando no peito
porque você sorriu.
Imagina a gente velhinho,
com rugas que guardam os beijos,
e netos rindo da nossa história boba.
Imagina—
e não me diga adeus.
Que culpa tenho eu,
se o amor às vezes chega tarde,
e a gente só aprende
quando ele já está indo embora?
Fique.
Por um instante.
Ou por uma eternidade disfarçada
de momento.
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