domingo, 15 de junho de 2025

 Te amo, mas sou veneno disfarçado de flor

Te amo.
Mas não como os outros amam.
O que eu sinto por você é sombra quente,
é saudade antes mesmo da ausência,
é um desejo que machuca mais do que preenche.

Você me vê e acha que está me curando.
Mas eu sou ferida antiga, aberta demais pra costurar.
Sou escuridão tentando aprender a respirar luz.
E você...
você é o tipo de pessoa que acende vela em cavernas.
Acredita que pode me salvar,
sem saber que aqui dentro o abismo tem nome —
e, às vezes, ele sou eu.

Eu queria te dar a felicidade que você merece.
Mas quando ela bate na minha porta,
eu a expulso como um invasor.
Não porque não queira.
Mas porque não sei mais ser casa pra ninguém,
nem pra mim.

Então te amar se torna um tormento bonito.
Ficar perto de você é respirar fundo num quarto em chamas.
E mesmo sabendo que não posso te dar tudo,
eu te mantenho por perto,
como quem guarda flor num cemitério:
sabendo que está morrendo,
mas não querendo ir embora.

Talvez, um dia, você me odeie por isso.
Ou talvez me entenda.
E descubra que amar alguém quebrado
é escolher sangrar devagar.

Mas por enquanto...
só fica.
Finge que não vê as rachaduras.
Deixa eu te amar no escuro,
antes que a realidade me leve de vez.

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