domingo, 15 de junho de 2025

 Você nunca soube

Quando eu me aproximei de você, não foi pra te amar.
Foi só porque eu gostei.
Gostei de como você existia no mundo,
meio torto, meio sozinho,
carregando pesos que ninguém nunca viu direito.
Gostei do jeito que você se escondia,
e quis te enxergar.

Nunca tive segundas intenções.
Eu só queria que você soubesse
que não é aquilo que dizem que você é.
Que não precisa caber nos moldes que te impõem.
Eu quis te mostrar isso — com presença, com palavra, com olhar.

Mas, sem perceber, me perdi na tentativa.

Me vi te amando sem querer.
Te querendo sem saber o que fazer com esse sentimento.

Porque nossos traumas são irmãos,
mas nossas histórias se desencontram.
Estamos quebrados,
em pedaços que não se encaixam,
e talvez por isso a gente nunca dê certo.

Mas ainda assim, há algo em você que me chama.
Algo que me faz sentir viva.
Algo que arde e acalma ao mesmo tempo.
E talvez você nunca perceba isso.
Talvez nem saiba que tudo isso é sobre você.

Talvez só agora, lendo isso,
você tenha aquele clique —
e entenda que sim, era você.
Sempre foi.

Mas já é tarde, não é?

E mesmo assim, eu escrevo.
Como quem deixa uma carta na garrafa e joga no mar,
sabendo que talvez ninguém leia,
mas sentindo que precisava dizer.

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