sexta-feira, 3 de outubro de 2025

“Oi”

Oi,


Eu não sei nem por onde começar, e talvez eu nem precise de uma resposta. Só quero que você leia. De verdade. Porque eu tô cansada de gritar pra dentro, de tentar organizar o que sinto e nunca conseguir.

Cansei de fingir que tá tudo bem quando, por dentro, tudo tá desmoronando. Há dias que viver parece uma sequência de tarefas sem sentido, e eu tô aqui, sozinha, carregando o mundo nas costas como se fosse obrigação minha — mas não é. Não é fácil, não é justo, e eu tô exausta de sorrir pra disfarçar o quanto tudo tem doído.

Eu aprendi a romantizar minha própria solidão. Chamei de força, de autocuidado, de independência. Mas tem dias que isso pesa tanto que parece prisão. Queria um colo, uma presença, alguém que dissesse “eu tô aqui” e realmente estivesse. Sem conselhos, sem pressa, sem comparação. Só… presença.

A cabeça não para. É um barulho constante de culpa, medo e exaustão. Eu acordo cansada e vou dormir pior. E cada vez que eu finjo estar bem, eu gasto o restinho de energia que ainda me sobrou. A verdade é que eu tô quebrada, e admito isso sem vergonha — porque esconder já não dá mais.

Não é sobre amor romântico. É sobre o cansaço de tentar ser tudo pra todo mundo, e mesmo assim sentir que ninguém me enxerga de verdade. Eu apareço, mas já não sei se existo inteira. Tô cansada de atuar, de fingir normalidade pra não preocupar ninguém. E o pior é saber que, mesmo com tanto esforço, eu ainda me sinto sozinha.

Talvez eu tenha errado em insistir em certas coisas, em certas pessoas. Talvez eu tenha te cansado também, e se isso aconteceu, eu sinto muito. Eu só não sabia mais pra onde correr, e você era o lugar onde eu ainda acreditava que existia algum tipo de abrigo.

Se você leu até aqui, não é por pena que eu escrevo. É só um pedido — discreto, talvez desesperado — pra que você me veja. Se não puder me segurar, tudo bem. Mas, por favor, não me julgue por estar desmoronando.

E se ainda existir um pedacinho seu que se importa, eu só quero que ele saiba que eu ainda tô tentando. Mesmo cansada, mesmo em cacos, eu tô tentando continuar.


Com carinho,

De alguém que vai continua em silêncio.

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