segunda-feira, 16 de junho de 2025

 

Apenas uma loucura com teu nome...

Como é que eu digo que amo,
se nem sei o que o amor é?
Talvez isso tudo não passe
de uma louca obsessão disfarçada de poesia,
de um grito calado que rima o teu nome
em todas as noites que eu tento te esquecer —
e falho.

Você tem alguém.
E eu? Eu não tenho nem a mim.
Não tenho o direito de atravessar tua paz
com a minha tempestade de sentimentos tortos.
Não posso bagunçar teu mundo com esse querer doente
que se alimenta do pouco que você me dá.

Mas ainda assim, me contento.
Com tuas migalhas,
com tuas respostas espaçadas,
com tua presença ausente
que queima mais do que aquece.

Você sorri e eu sangro.
Você vive e eu te espero —
como se, um dia, teu caminho esquecesse o rumo
e tropeçasse no meu.
Mas você não tropeça.
Você voa.

Enquanto isso, eu finjo não amar.
Chamo de afeto, de cuidado, de amizade mal resolvida.
Mas é amor.
É amor doente, desajustado, trancado a sete chaves
no porão da minha alma,
onde tua sombra dança comigo todas as madrugadas.

Talvez eu te ame.
Ou talvez eu só esteja apaixonada
pelo vazio que você preenche em mim
quando aparece.

E mesmo sabendo que nunca será meu,
me calo.
E fico.
Por perto.
Por pouco.
Por ti.

 

Flor morta no jardim 

Não precisei morrer pra ser enterrada.
Você me sepultou viva —
em cada silêncio,
em cada promessa descumprida,
em cada olhar vazio
que dizia tudo sem dizer nada.

Cavou meu peito com palavras doces,
e adubou minha esperança com mentiras sutis.
Eu, cega pela ânsia de amor,
reguei cada gesto seu como se fosse certeza.
Mas só cresceram espinhos.

Agora eles se alojam na minha garganta
toda vez que tento responder
a pergunta que o mundo insiste em fazer:
"Você está bem?"
Não, eu não estou.
E mentir sobre isso virou meu novo idioma.

Desde que você virou ausência,
meu corpo virou ruína —
uma casa vazia onde ecoa o seu nome.
Minha pele carrega seus fantasmas,
meus olhos aprenderam a fingir luz
enquanto afundam em escuridão.

Você não percebeu, mas meu amor por você
foi o veneno mais lento e eficaz:
me matou aos poucos,
me diluiu em silêncio,
me engasgou com lembranças
e me quebrou em mil pedaços
que ninguém mais soube montar.

E o pior de tudo:
eu fui cúmplice.
Me entreguei de bandeja achando que era amor,
quando era apenas solidão bem disfarçada.

Não me restou redenção —
só o costume de sorrir sem alma,
de andar sem destino,
de respirar sem viver.

Fui flor plantada por você.
Agora sou morte viva
no jardim que você esqueceu de regar.

 

Sintoma com nome e sobrenome


Você não foi embora.
Você infeccionou.
Entrou devagar,
como quem cuida,
mas era vírus,
era veneno com gosto de beijo,
era abraço com corte por dentro.

Hoje não é mais amor,
é sintoma.
É febre que não cessa,
é a insônia com teu nome latejando no escuro,
é o enjoo de lembrar
que eu ainda queria você aqui.

Não foi só saudade,
foi a falência de tudo que me mantinha viva.
Minha mente sangra memórias,
meu corpo não responde mais
quando perguntam se estou bem.

Você me diagnosticou com ausência,
me receitou silêncio,
e eu, burra, obedeci —
tomei cada dose da tua distância
achando que era tratamento.

Agora ando por aí,
com olheiras de quem grita no travesseiro,
com dores que não têm laudo,
com um coração que bate como se pedisse desculpas por ainda existir.

Minhas recaídas têm teu cheiro,
meu colapso tem tua letra.
Toda vez que dizem “procura ajuda”,
eu penso:
era pra você ter sido ela.

Você não partiu,
você ficou —
como doença autoimune,
me fazendo me destruir
com tudo que você deixou.

E ainda assim,
às vezes, eu sinto saudade.
Não do que fomos,
mas do que eu achava que você era
antes de virar isso:
meu mal crônico.
Meu sintoma com nome e sobrenome.

domingo, 15 de junho de 2025

 

Foi Loucura...

Lembra de quando a gente se conheceu?
Dois corpos estranhos no mesmo mundo torto,
cada um lidando com seus fantasmas —
mas você, tão diferente de mim,
me pareceu familiar de um jeito assustador.

A nossa aproximação foi brusca, quase errada.
Fogo e água, dissonantes demais pra coexistir.
Mas ainda assim, existimos.
Por um tempo,
num espaço que era só nosso —
feito de caos e tentativa.

Eu te apoiei, eu sei.
Te empurrei pra vida, te incentivei a viver.
Mas, no fundo,
sempre houve uma esperança escondida:
de que essa vida que você fosse viver…
tivesse um lugar pra mim também.

Quis colar teus cacos,
mas também queria que você me ajudasse com os meus.

Esse sentimento me rasga.
Me bagunça por dentro,
se mistura com tudo que já quebrei —
e continua me ferindo de maneiras novas.

Ainda assim, estou aqui.
Sempre que você precisar.
Mesmo que seja pra te ver ir,
mesmo que doa te ver viver longe de mim.
Eu não serei aquela que vai te impedir de ser feliz.
Só vou tentar te lembrar
quando a dor chegar.

Porque te ver sangrar é como sangrar em silêncio.
E eu já sangro faz tempo, você sabe.

Amar você —
nessa intensidade silenciosa, nessa entrega sem retorno —
foi a loucura mais louca que poderia acontecer comigo.
E foi minha. Só minha.

São tantos os empecilhos.
Tantas as diferenças.
Tantas as entrelinhas que nos impedem de acontecer.
Mas tudo bem.

A gente segue vivendo.
Separados.
Com o mesmo nó na garganta.
Com o mesmo amor que não se fala,
mas também não some.

 Você nunca soube

Quando eu me aproximei de você, não foi pra te amar.
Foi só porque eu gostei.
Gostei de como você existia no mundo,
meio torto, meio sozinho,
carregando pesos que ninguém nunca viu direito.
Gostei do jeito que você se escondia,
e quis te enxergar.

Nunca tive segundas intenções.
Eu só queria que você soubesse
que não é aquilo que dizem que você é.
Que não precisa caber nos moldes que te impõem.
Eu quis te mostrar isso — com presença, com palavra, com olhar.

Mas, sem perceber, me perdi na tentativa.

Me vi te amando sem querer.
Te querendo sem saber o que fazer com esse sentimento.

Porque nossos traumas são irmãos,
mas nossas histórias se desencontram.
Estamos quebrados,
em pedaços que não se encaixam,
e talvez por isso a gente nunca dê certo.

Mas ainda assim, há algo em você que me chama.
Algo que me faz sentir viva.
Algo que arde e acalma ao mesmo tempo.
E talvez você nunca perceba isso.
Talvez nem saiba que tudo isso é sobre você.

Talvez só agora, lendo isso,
você tenha aquele clique —
e entenda que sim, era você.
Sempre foi.

Mas já é tarde, não é?

E mesmo assim, eu escrevo.
Como quem deixa uma carta na garrafa e joga no mar,
sabendo que talvez ninguém leia,
mas sentindo que precisava dizer.

 Eu sou a margem que afoga


Eu te quero.
Mas querer não é o bastante quando se é ruína por dentro.

Às vezes, penso em deitar no teu peito e dormir o mundo.
Acordar em um universo onde eu saiba receber amor sem tremer.
Mas logo lembro que em mim tudo é labirinto,
e você, por mais que tente, vai acabar perdido.

Eu sou margem que parece terra firme,
mas afoga.
Sou beijo que arde depois,
abraço que aperta um pouco além do necessário,
como se já estivesse me despedindo antes de te ter.

Você diz que fica,
mas eu já ouço os passos indo embora,
mesmo com você parado bem na minha frente.
Meu medo tem o poder de criar partidas.
E meu amor, o dom de machucar quem tenta ficar.

Se eu pudesse, te amava leve.
Mas o que sinto por você é tempestade —
e eu não sei se você veio com guarda-chuva ou vontade de dançar na chuva.
Talvez esteja só tentando sobreviver a mim,
como quem beija um fantasma e torce pra não sumir depois.

E se eu sumir?

Talvez seja o melhor pra você.
Mas enquanto isso não acontece,
deixa eu ser teu caos manso.
Deixa eu te amar nas entrelinhas,
nos olhares que dizem tudo e se calam.

Porque mesmo quebrada,
ainda sonho com o dia em que você vai me tocar
e, por algum milagre,
eu não vou me despedaçar.

 Te amo, mas sou veneno disfarçado de flor

Te amo.
Mas não como os outros amam.
O que eu sinto por você é sombra quente,
é saudade antes mesmo da ausência,
é um desejo que machuca mais do que preenche.

Você me vê e acha que está me curando.
Mas eu sou ferida antiga, aberta demais pra costurar.
Sou escuridão tentando aprender a respirar luz.
E você...
você é o tipo de pessoa que acende vela em cavernas.
Acredita que pode me salvar,
sem saber que aqui dentro o abismo tem nome —
e, às vezes, ele sou eu.

Eu queria te dar a felicidade que você merece.
Mas quando ela bate na minha porta,
eu a expulso como um invasor.
Não porque não queira.
Mas porque não sei mais ser casa pra ninguém,
nem pra mim.

Então te amar se torna um tormento bonito.
Ficar perto de você é respirar fundo num quarto em chamas.
E mesmo sabendo que não posso te dar tudo,
eu te mantenho por perto,
como quem guarda flor num cemitério:
sabendo que está morrendo,
mas não querendo ir embora.

Talvez, um dia, você me odeie por isso.
Ou talvez me entenda.
E descubra que amar alguém quebrado
é escolher sangrar devagar.

Mas por enquanto...
só fica.
Finge que não vê as rachaduras.
Deixa eu te amar no escuro,
antes que a realidade me leve de vez.

Eu Mereço?


Eu mereço ser amada?
Com aquele amor que não escorre pelos dedos
nem se esconde atrás de promessas vazias.
Aquele amor que aquece o peito
mas também deixa borboletas no estômago —
não as da ansiedade,
mas as da alegria inesperada.
Aquele amor que não grita,
mas também não some.

Mas será que ele existe pra mim?

Porque tudo que amei virou ausência.
Toda chama virou fumaça.
E toda promessa foi feita com tinta de sangue que nunca secou.

Eu mereço ser amada?
Por alguém que não fuja quando vê a minha sombra.
Que não tenha medo do escuro que carrego nos olhos,
do abismo que mora na minha calma.

Quero um amor que me toque com coragem,
que entre na minha vida sem pedir licença,
mas saiba sair se for pra me ferir.
Um amor que não me quebre mais do que já estou.

Mas talvez…
Talvez eu tenha nascido pra sentir pela metade.
Pra ser o palco onde o amor ensaia,
mas nunca estreia.

Diz pra mim:
eu mereço ser amada?
Ou meu coração foi feito só pra sangrar bonito,
em versos que ninguém responde?


sábado, 14 de junho de 2025

 Sonho Meu...

Por que eu tenho sonhado tanto com você?

Custa pro meu coração entender que você não está mais aqui.
Custa pra minha cabeça aceitar que o teu lugar ficou vazio,
e que esse vazio me visita todas as noites —
chega devagar, deita do meu lado
e veste teu perfume.

Te sonho porque te falta.
Porque aqui fora você já não vem.
Porque na realidade você é silêncio
e nos sonhos, você ainda me chama pelo nome
como se nunca tivesse ido embora.

É bom sonhar com você, eu não vou mentir.
É onde tudo ainda faz sentido.
É onde o teu toque ainda aquece,
onde tua voz não me corta, mas me envolve.
Lá, você me ama do jeito que eu sempre esperei que amasse.

Mas aí eu acordo.
E tua voz é outra.
É fria, distante, como se eu nunca tivesse existido.
É cruel como só quem já amou de verdade pode ser.

Sangrar nos sonhos é estranho,
porque o corpo acorda inteiro,
mas o peito... o peito tá sempre em carne viva.

Eu te quero na minha realidade, sabe?
Te quero aqui, com os pés no chão e as mãos entrelaçadas nas minhas.
Mas parece que o único lugar em que você me permite te amar
é quando eu fecho os olhos.

E talvez seja isso:
você virou sonho
porque nunca quis ser presença.

E eu sigo, dormindo e acordando com a mesma pergunta presa na garganta:
por que eu tenho sonhado tanto com você?

 Vá...

Não te peço desculpas,
nem voltas, nem recomeços falsos.
Te peço distância.
Agora—
como quem cansou de sangrar calada,
como quem ama demais, mas aprende a partir.

Precisei de você com urgência de vida,
com sede de abraço,
com a fome de quem esperou por dias
tua voz na cozinha,
e só encontrou eco.

Não fui eu quem partiu,
mas parto agora—
levo comigo meu orgulho intacto,
e digo: adeus,
não por raiva,
mas por amor a mim.

Vá.
Mesmo que queira ficar
pelo tempo de um café morno,
de um suspiro ensaiado,
de uma lágrima que teima em não cair.

Imagina a gente separado,
com histórias que viraram poeira,
e lembranças que só doem em silêncio.
Imagina—
e não tente me segurar.

Que culpa tenho eu,
se o amor às vezes cansa,
e a gente só entende
quando não quer mais tentar?

Vá.
Por um instante.
Ou por uma eternidade
disfarçada de alívio.

 Fique


Não te peço promessas,

nem luas cheias, nem pactos eternos.

Te peço agora.

Agora—

como quem sangra e sussurra,

como quem ama depois da ruína.


Preciso de você com urgência de fogo,

com sede de ausência,

com a fome dos dias que mastiguei

sem tua voz na cozinha,

sem tua sombra na sala.


Não fui eu quem errou

mas erro agora—

ao dobrar meu orgulho como roupa velha

e dizer: me perdoa,

não pelo que fiz,

mas pelo que perdi.


Fique.

Nem que seja pelo tempo

de um café esfriando.

De uma respiração inteira.

Do coração tropeçando no peito

porque você sorriu.


Imagina a gente velhinho,

com rugas que guardam os beijos,

e netos rindo da nossa história boba.

Imagina—

e não me diga adeus.


Que culpa tenho eu,

se o amor às vezes chega tarde,

e a gente só aprende

quando ele já está indo embora?


Fique.

Por um instante.

Ou por uma eternidade disfarçada

de momento.

terça-feira, 3 de junho de 2025

 

O Gosto que Fica

Eu fico pensando se, no meio de tudo isso, meu gosto ainda vive aí.
Na sua língua.
Na memória do teu paladar.
No intervalo entre um beijo e outro, entre a pressa de esquecer e o eco do que a gente foi.

Você anda por aí tentando se limpar de mim. E eu sei — eu sinto — que você tem beijado outras bocas como se elas pudessem apagar a minha. Como se um corpo novo fosse suficiente pra expulsar o que ainda pulsa no fundo da tua garganta. Mas será que conseguiu?

Será que, mesmo sem querer, não sou eu que escapa quando você fecha os olhos no meio de um beijo apressado? Será que, por um segundo que seja, não é meu nome que quase escorre da tua boca antes de você engolir com vergonha?

Eu não tô mais aí, eu sei. Mas meu gosto ficou.
E não é só o gosto literal — é o gosto da minha risada, da minha raiva, da minha insistência em amar você mesmo quando você se perdia de si.
O gosto da minha presença. Da forma como eu te olhava como se ali tivesse um mundo.
Do jeito que eu te decifrava em silêncio, enquanto você ainda se fingia de indecifrável.

Talvez você diga que é exagero, que passou. Mas se passou, por que você ainda procura um beijo que se pareça com o meu?
Por que sua língua ainda tateia rostos como se buscasse a rota de volta?

Eu tô aqui, inteira, mesmo depois de me despedaçar por dentro.
Você tá aí, tentando esquecer.
E talvez consiga um dia.
Mas até lá…
Entre um beijo e outro, vai ser meu gosto que te interrompe.

 Encruzilhada

A gente nunca espera que a dor venha de onde veio o amor. Mas, às vezes, vem. Vem de onde a gente mais acreditou, de quem mais defendeu, de quem mais confiou.

Você mentiu. E talvez, pra você, tenham sido só palavras. Só atalhos. Só tentativas de manter as coisas sob controle. Mas do lado de cá, do meu lado, suas mentiras não foram pequenas. Foram cruéis. Elas me quebraram em lugares que eu nem sabia que podiam se partir. Me tiraram a paz, a fé e, por um tempo, até a mim mesma.

E olha… eu segurei o máximo que pude. Fiquei quando já não fazia sentido. Esperei você ser alguém melhor, mesmo quando tudo já gritava que você não queria mudar. E então eu fui indo embora aos poucos — por dentro, antes de sumir por fora.

Agora, talvez você ache que venceu. Que seguiu em frente. Que se livrou da culpa com desculpas ensaiadas. Mas um dia, e esse dia vai chegar, você vai olhar pro lado, talvez sem querer, e o vazio vai te responder. Vai perceber que a pior consequência de tudo isso não foi a dor que me causou, mas o fato de não me encontrar mais ali.

Porque, por mais que tenha doído, eu fui. Eu parti. E você ficou na encruzilhada, olhando o que perdeu, fingindo que não sente, tentando convencer o mundo — e a si mesmo — de que não te falta nada.

Mas falta. Eu sei que falta.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Acordar Sem Você...


Eu tenho sonhado com você, sabia?
E não são sonhos leves.
Às vezes são gostosos, dá até uma paz…
Mas, em outras noites, são estranhos, pesados.
É como se eu saísse do meu corpo só pra te encontrar,
pra te sentir, te tocar…
como se meu coração soubesse que na realidade isso não é mais possível.
Acho que é só nos sonhos mesmo que eu consigo te ter por perto.

Porque aqui, acordada, tá difícil demais.
Meu coração anda apertado, cansado.
A realidade tem sido dura, fria, sem cor.
E você, mesmo distante, ainda mora em algum canto de mim —
nem que seja no silêncio da madrugada,
ou nos sonhos que não me pedem permissão pra acontecer.

Enfim…
são só sonhos, né?
Mas às vezes, são tudo o que me resta de você.

 Talvez seja sobre mim...

Carrega no peito um coração que sente mais do que gostaria, mas que ainda insiste em amar, mesmo depois de tantas quedas. Tem a alma inquieta, vive em constante busca — de paz, de sentido, de si mesma. Às vezes se perde no próprio silêncio, outras vezes se encontra nas palavras que escreve como se rasgasse o peito no papel.

Ela é feita de camadas: fortes, frágeis, confusas, bonitas.
Consegue ser abrigo pros outros, mesmo quando o mundo desaba dentro dela.
Tem dias em que quer desaparecer, virar fumaça, sumir sem deixar rastros… mas não vai. Porque, mesmo machucada, ela fica. Porque ama. Porque espera. Porque acredita — ainda que em pedaços.

É poesia que sente dor.
É crônica de um amor que não sabe se vai ou fica.
É um pouco tempestade, um pouco calmaria.
É alguém que só queria ser compreendida, mas se vê cercada por pessoas que não escutam o que ela cala.

E mesmo quando tudo parece demais, ela sobrevive.
Ela continua.
Porque dentro dela ainda mora uma esperança teimosa…
…de que um dia tudo vai se encaixar. Inclusive ela.

Melhorou Pra Você?

Quero te agradecer, meu segundo amor.
Você me mostrou o que é ficar sem entender as coisas, ser pega de surpresa, viver no meio do caos.
Me mostrou como é ser mantida por perto sem nem saber se era isso que eu queria… ou se era isso que você queria.
Você decidiu não ficar comigo, mas também não deixou eu ir.
Me segurou ali, do jeito que dava, do jeito que machucava.

E mesmo quando eu errei, mesmo quando eu fiz merda, você simplesmente me perdoou.
Me acolheu com esse jeito silencioso e disse que o tempo ia melhorar tudo.
Que era só esperar.

Então hoje, com toda sinceridade do mundo, eu te pergunto:
Melhorou?
Ou só te deixou mais confuso?

Porque pra mim…
O tempo só deixou as coisas mais claras.
E mais tristes também.

 Uma carta que nunca foi entregue...

Já me despedi de você tantas vezes…
Na cabeça, no travesseiro, nos silêncios que você finge não ouvir.
Mas você não me deixa ir. Não me deixa desaparecer.

Você me segura com meias-presenças, com migalhas de carinho, com esse jeito de me querer por perto, mas nunca por inteiro.
Você me quer ao seu lado, mas nunca diz isso com clareza.
Me quer como conforto, como companhia, como presença silenciosa que preenche o que te falta — mas eu nunca pedi pra ser isso. Nunca quis ser só isso.

E eu tô exausta.

Porque eu quero ir.
Quero deixar de ser essa pessoa que fica mesmo quando tudo nela grita pra sair.
Quero virar fumaça na tua vida que nunca me deu espaço pra existir de verdade.
Porque a verdade é essa: por mais que eu tenha tentado, a gente não encaixa.
E você sabe disso.
Mas insiste em me manter aqui, nessa ilusão morna, nesse quase amor que só machuca.

Eu já chorei tanto por você. Já me questionei, me culpei, me encolhi, me reescrevi.
Tudo pra tentar caber em algo que nunca foi feito pra mim.
E você?
Você ficou aí, quieto. Confuso.
Com medo de me perder, talvez, mas sem coragem de me escolher.
E eu cansei de ser opção.
De ser abrigo quando tudo desmorona, mas nunca casa quando o sol aparece.

Você não faz ideia da força que me custa ir embora toda vez… e voltar.
De fingir que não doeu, de tentar sorrir como se meu peito não estivesse implodindo.
Mas agora eu não quero mais voltar.
Eu quero ir. De verdade.

Quero me perder do que fui com você pra me reencontrar longe dessa dor disfarçada de afeto.
Quero deixar de ser silêncio na sua vida e passar a ser presença na minha.

Então, se algum dia você sentir minha falta…
Lembre que eu estive aqui.
Com tudo.
Com amor, com entrega, com esperança.

Mas você não soube ficar.

E eu?
Eu precisei partir pra sobreviver.

 Se Você Estiver Lendo Isso...

Olha, você que tá lendo isso tudo aí… pode ser que seja pra você sim.
Aliás, provavelmente é.
Porque eu escrevi com o coração cheio, e só um nome veio na cabeça o tempo inteiro.
Mas sabe o que é? Tu é tão confuso quanto eu.
Ou pior… mais enrolado ainda.

Tu me bagunça todo dia, me deixa em dúvida, me faz sorrir e logo depois me dá vontade de sumir.
Tu vem, some, aparece de novo com esse jeito que me desarma, como se nada tivesse acontecido.
E eu fico aqui, nesse looping eterno de esperança e frustração.
Esperando que tu diga algo que nunca vem, que faça algo que nunca faz.
E mesmo assim, continuo sentindo. Porque é isso que você faz comigo: me faz sentir, até quando não faz nada.

Você não tem ideia do estrago bonito que fez em mim. Bonito porque foi com afeto, com toque, com olhar. Estrago porque foi sem certeza, sem direção, sem cuidado.
E eu me pergunto se você sente algo parecido, ou se sou só eu aqui, tentando entender o que nunca foi dito em voz alta.

Então se por acaso você estiver mesmo lendo isso, eu te peço uma coisa: se for pra ficar, fica de verdade.
E se for pra ir embora, então vai de uma vez.
Só não continua me deixando nesse meio-termo, onde nada é claro, mas tudo machuca.

Porque por mais que eu te queira, eu tô cansada de tentar decifrar alguém que parece não querer ser entendido.

 Carta aberta ao amor

Quero dizer que você faz sacanagem na minha vida, sabe?
E nem é no sentido carnal da palavra, apesar de também ser às vezes.
Mas é no mais profundo — você entra, bagunça tudo, remexe o que tava guardado, reabre feridas antigas e ainda tem a audácia de plantar flores no meio do caos.

Você me virou do avesso sem pedir licença. Me fez sentir coisas que eu achava que tinha desaprendido a sentir. Me deu frio na barriga, me fez sonhar acordada, e depois sumiu das páginas como um personagem que some sem ter o final escrito. E eu fiquei aqui: com os sentimentos em carne viva, com o coração cheio de pontos de interrogação, tentando entender que raio de roteiro é esse que você escreveu na minha vida.

Você me faz rir no meio do choro, me faz querer e temer ao mesmo tempo. Me faz sentir tudo — do carinho mais doce até a ausência mais cortante. E talvez o pior de tudo seja isso: você me faz falta mesmo quando não foi embora. Porque tem horas que você parece tão distante, mesmo estando aqui. E isso dói. Dói mais do que quando eu amava alguém que nunca me amou.

Você é sacanagem porque me fez acreditar em reciprocidade, em construção, em entrega mútua. Me fez crer que talvez dessa vez fosse diferente. E talvez ainda seja. Mas enquanto o “talvez” insiste em se arrastar, eu vou ficando aqui, exausta de esperar respostas que nunca vêm, sinais que não se confirmam, atitudes que não acontecem.

Eu me olho no espelho e me pergunto onde foi que eu me perdi no meio desse amor. Porque sim, eu me perdi. E tenho tentado me encontrar nos cacos que sobraram. Porque amar você tem me quebrado aos pouquinhos, sem estardalhaço, no silêncio. E ninguém vê. Ninguém sabe. Mas eu sinto — em cada silêncio não respondido, em cada plano que fica só na minha cabeça, em cada abraço que eu desejei e não veio.

Essa carta ninguém precisa ler. Mas eu precisava escrever.
Pra lembrar que, mesmo machucada, mesmo confusa, mesmo cansada… eu ainda sou feita de amor. E mereço algo que não me faça implorar por migalhas de presença.
Eu mereço um amor que me abrace inteira. Sem sumir. Sem machucar.
Sem sacanagem

 Cacos da Alma


Sem paz, a alma em desalinho, 

Um sufoco mudo, um áspero caminho. 

Pensamentos em turbilhão, sem fim, sem dó, 

E o peito, um fardo, um nó. 

O mundo inteiro em meus ombros a pesar,

 Sem ter sequer onde me apoiar.


Sem pilares, a estrutura a ruir, 

A força antiga já não quer sorrir. 

Sozinha e frágil, em cacos me vejo,

 Um quebra-cabeça sem almejo. 

Tentar juntar? Os pedaços sumiram, 

Poeira ao vento, que os dias consumiram. 

E como renascer, me pergunto em vão, 

Com tão pouco de mim na palma da mão?



Esgotada, a energia se esvai, 

Motivação morta, um melancólico ai. 

Vontade ausente, só a dor persiste, Firme, latejante, e ninguém a assiste.

 Mesmo em multidões, um ermo em meu ser, 

Um vazio profundo, difícil de preencher.




Seguir tentando, um fardo sem igual, 

Às vezes, só parar. Um instante. Um sinal.

 Respirar fundo, sem nada a temer, 

Ou sumir um pouco, só para ver...

 Se a ausência ecoa, se alguém vai notar. 

Mas no íntimo, o anseio é outro lugar:



Queria mesmo era me encontrar de novo, 

Resgatar a essência, tecer um renovo. 

Mas o mapa da alma, não sei decifrar, 

Perdida em mim, sem saber por onde começar.
















No Silêncio Barulhento do Meu Quarto

Oi… desculpa te mandar isso assim, mas eu precisava desabafar.

Tem muito fantasma hoje no meu quarto.
Eles não batem na porta, só entram… e me cercam.
Sento na cama e sinto o ar mais pesado, como se cada lembrança ruim ganhasse corpo e nome.
Eles falam baixo, mas eu entendo tudo.
Repetem minhas culpas, meus medos, minhas falhas.
E o pior é que eu nem tento mais discutir.
Só escuto. Só deixo.

Não sei por que eles vêm sempre à noite.
Talvez porque é quando tudo silencia por fora, e dentro vira grito.
Eles sabem onde cutucar, onde dói, onde ainda sangra.
E às vezes eu penso: se eu me cansar o suficiente…
se eu não reagir… será que eles vão embora mais cedo?

Eu tô tão exausta.
Nem sei mais se é tristeza, solidão ou só meu corpo implorando por paz.
Mas eu sei que não tá dando mais.
Só queria uma noite em branco, limpa, sem vozes.
Só queria um quarto vazio de dor.

Só queria respirar sem peso.

“Cartas que eu nunca enviei”

1. O peso do silêncio Há dias em que o corpo anda, mas a alma fica. Dias em que o riso vem automático, só pra cumprir o papel social de esta...